PR6 Rio Marão: a Natureza no seu esplendor
Calcei as sapatilhas de caminhada, coloquei a mochila às costas e deixei-me levar pelo trilho onde cada passo foi uma oportunidade única de descobrir paisagens naturais surpreendentes.
Aqui chegada, tinha percorrido cerca de 2,5 quilómetros. Mais uma paragem foi feita, desta vez para espreitar os tanques onde é feita a desova e crescem os alevins, até se transformarem em trutas adultas que hão de repovoar os rios do norte do país, entre os quais o Paiva, o Olo ou o Ovil.
A partir daqui o itinerário ladeia o Ribeiro do Ramalhoso e prossegue, novamente, por um caminho de terra batida, onde uma levada de água nos acompanha até às antigas as Minas do Ramalhoso, inativas desde o final dos anos 60, mas onde durante mais de duas décadas se explorou estanho e volfrâmio. Das minas, é possível ver as ruínas de alguns edifícios e uma “boca” (entrada) que leva às entranhas da serra.
Sabia que esta levada foi criada para evitar, no inverno, as escorrências da zona das antigas minas (que drenam para o leito do rio e que contêm arsénico), não indo, desta forma, pelo rio, que desce a água que vai abastecer o Viveiro das Trutas e que é “captada” num açude existente a montante do que foi o complexo mineiro?
À medida que as paisagens iam aparecendo no caminho, eu suspirava, não só para recuperar o fôlego, mas para saborear a profunda serenidade de toda a envolvência.
O percurso da levada é intercetado pela EN15, obrigando-me a atravessar esta via que, apesar do tráfego reduzido, deve ser feita com precaução.
Depois das minas, percorri um caminho florestal panorâmico, chegando à cota dos 900 metros de altitude. Era hora de admirar e fotografar vertentes da serra, que levam à Sra. de Moreira e à Pousada do Marão, que, infelizmente, está encerrada, o IP 4 (Itinerário Principal 4), a Auto Estrada (A4), e ver a carqueja e a urze, duas plantas de rara beleza, em plena floração nos meses de abril e maio, a pintarem as encostas do Marão. É imperdível! Com esta explosão de cores, amarelo, rosa e verde, a paisagem parece uma tela pintada à mão.
Passado pouco tempo, estava já na Casa do Guarda do Alto de Espinho, ou seja, tinha cumprido cerca de dois terços dos 14,3 quilómetros da PR 6. O edifício, com mais de cem anos, terá sido construído por volta de 1919, no âmbito da florestação da serra, e julga-se que possa ter sido a primeira sede dos Serviços Florestais do Marão.
Do lado oposto surge um edifício industrial inativo, uma unidade de produção de água de nascente, as “Águas do Marão”.
Neste ponto foi necessário atravessar, novamente, a Estrada Nacional 15, onde existe um fontanário de água límpida e fresca, ótimo para saciar a sede em dias quentes. Desci depois um caminho antigo e fui dar a um local muito aprazível, uma floresta centenária de coníferas, que o incêndio de 1985 ladeou, mas decidiu poupar, com imponentes exemplares arbóreos, onde o Rio Marão passa por baixo de uma ponte de madeira.
O farnel ia na mochila e a fome já apertava. Então, nada melhor que este local para o primeiro piquenique do ano. E que belo lugar para o fazer, com o murmurar da água era a melodia perfeita para saborear a comida.
Após o almoço, refleti sobre o caminho que tinha percorrido e constatei que existem sítios e percursos onde o tempo corre devagar. Esta pequena rota é um desses lugares.
“Até a maior árvore da floresta começa do chão”, lê-se numa placa, ali mesmo, onde “estendi a tolha”. Não vou esquecer.
Merenda feita e energias recuperadas, era tempo de colocar de novo os pés ao caminho. A partir daqui, a PR6 é feita a descer e o percurso estende-se, quase todo, lado a lado com o Rio Marão, em boa parte por um caminho medieval que terá servido os povos da região para transporem a serra. E, eis que rapidamente, tinha o “Túnel do Marão” (o maior da Península Ibérica, com 5,6 quilómetros), do meu lado esquerdo e, logo depois, apareceram casas rurais, palheiros e a ponte de “Val de Baralha” que faz a junção da Ribeira do Ramalhoso com o Rio Marão e que veio mostrar-me que não ia embora sem voltar a ser surpreendida com mais uma beleza natural.
A entrada na povoação, deixa para trás a floresta e presenteia-nos com um cenário rural de beleza ímpar, no qual se avistam a Igreja Matriz de Ansiães e a aldeia. Passei, novamente, pelo Largo do Cal, onde é feita a divisão dos sentidos do trajeto e segui em direção ao carro.
O percurso foi concluído com sucesso! Demorei perto de quatro horas e meia.
Fique a saber que, caso queira, pode recuperar energias num dos dois cafés próximos do Largo da Pinha, que servem sandes ou refeições ligeiras e vendem produtos com origem na serra, como o mel.
Ponha pés ao caminho e fique a perceber porque é que esta Rota passou a ocupar um lugar cativo na minha lista de melhores trilhos e percursos pedestres de Amarante.
Informação prática da PR6 Rio Marão
Tipologia: PR (Pequena Rota) com dois sentidos (1 e 2)
Distância: 14,3 quilómetros
Local de Partida/Chegada: Largo da Pinha, Ansiães (41° 14′ 55” N ; 7° 57′ 14” W)
Circular: Sim
Dificuldade Técnica: Moderada
Duração estimada do percurso: 4 horas
Âmbito do Percurso: Paisagístico, Ecológico e Cultural
Para os amantes do pedestrianismo, Amarante é um destino de eleição onde é possível percorrer os seguintes Percursos Pedestres:
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