Trilho da Levada de Víbora: imersão na natureza
O convite para irmos percorrer o Trilho da Levada de Víbora, em Cabeceiras de Basto já tinha sido lançado há uns tempos, a uns primos e tios, mas, por incompatibilidades de agenda ou pelas condições meteorológicas ainda não tinha sido possível. Com o aval de São Pedro, a experiência estava garantida e nós não perdemos tempo e fizemo-nos ao caminho.
Aviso prévio: a grandiosidade do Trilho é imensa que as palavras parecem insuficientes, mas vou tentar descrevê-lo.
O Trilho da Levada de Víbora, um convite irrecusável para os amantes da natureza, começa junto à Barragem do Oural, na freguesia de Abadim, e encanta, desde o início, pela sua beleza e serenidade.
Quero, desde já, salientar duas observações: o percurso está muito bem sinalizado, tornando-o fácil de seguir, e as épocas mais indicadas para percorrê-lo são a Primavera e o Outono, quando a natureza revela tonalidades intensas e o clima é mais ameno. Em certos pontos do caminho, as folhas castanhas no chão parecem um tapete natural.
Encetámos caminho, rodeado de vegetação exuberante, lado a lado com a levada, um antigo sistema de irrigação que outrora foi essencial para movimentar os icónicos Moinhos de Rei e que nos dias de hoje serve o regadio tradicional, que corre ora num ritmo calmo, ora mais acelerado.
A Maria João que ia tão entusiasmada com a caminhada acabou mesmo por tropeçar e colocar um pé na levada, ficando molhada, mas nada que não se resolvesse. Com a ajuda de todos, solucionámos o incidente e a mini caminhante prosseguiu caminho.
Bastaram os primeiros passos e logo percebemos que a natureza aqui tem um encanto especial.
Cerca de um quilómetro depois de iniciarmos o percurso, passámos pelo núcleo de Moinhos de Rei, um conjunto de moinhos de água cuja construção remonta ao reinado de D. Dinis (1279-1325). Pioneiro no incentivo e desenvolvimento da indústria da moagem em Portugal, este rei substituiu os métodos mais rudimentares por moinhos movidos de forma hidráulica, tendo representado uma verdadeira revolução na moagem dos cereais. A partir dos anos 80, com a introdução dos moinhos elétricos estes entraram, infelizmente, em desuso.
Caminhámos pelo percurso tranquilamente, fazendo pausas para apreciar a beleza ao nosso redor, e para fotografar e filmar, um exemplo disso foi um cogumelo vermelho que avistei, pois ia atenta a cada detalhe.
Entre as passadas, cruzámo-nos com vários caminhantes, o que só prova que o Trilho da Levada de Víbora tem conquistado muitos visitantes. Depois de percorrê-lo, a razão para essa popularidade torna-se mais do que evidente.
O deslumbramento inicial que sentimos foi aumentando à medida que percorríamos o trilho e ao longo do percurso não faltaram motivos para abrir a boca de espanto.
Passámos pela aldeia mais pequena de Cabeceiras de Basto, Porto D’Olho, e subimos ao Miradouro com o mesmo nome, situado no alto do Outeiro da Varela. Neste local existe, também, uma capelinha muito pequenina, mas mesmo amorosa. Deslumbrámo-nos com as vistas panorâmicas impressionantes para a serra e para o serpenteado dos campos de cultivo. Que cenário maravilhoso, ficámos completamente encantados com a paisagem.
Optámos por fazer uma pausa neste local, pois, embora tivéssemos passado por lugares propícios para o piquenique, a fome ainda não tinha surgido e o horário ainda não era o adequado para o almoço. Depois de tratarmos dos assuntos do estômago, foi tempo de continuar caminho.
Seguimos até à Área de Lazer de Víbora, um local sereno e isolado, ideal para um momento de descanso e reflexão. Depois, cursámos por entre um bosque de pinheiros bravos, carvalhos, castanheiros e madressilvas e vimos imensas áreas de musgo muito viçoso. Esta parte do trilho é envolta por um misticismo que o torna ainda mais fascinante.
Foi impossível não me recordar, com saudosismo, dos tempos em que ia ao monte, juntamente com os meus avós maternos, buscar o musgo para o presépio em casa deles. Partilhei essa memória com o meu primo, meu companheiro de infância, e tomei a decisão de que este ano teremos um presépio com musgo natural, em tributo aos meus queridos avós.
Percorrer o Trilho da Levada de Víbora foi mais do que uma simples caminhada, foi uma experiência inesquecível em plena harmonia com a natureza.
Informações úteis sobre o Trilho:
Início e Fim: Barragem do Oural, Abadim
Distância: 10,3 quilómetros
Duração estimada: 3 a 4 horas
Grau de Dificuldade: Fácil
Tipo: Pequena Rota
Cota máxima atingida: 975 metros
Essenciais para levar:
* Mochila
* Comida e bebida, pois existem vários locais excelentes para o piquenique
* Calçado e roupa adequada a caminhadas
* Máquina fotográfica ou smartphone para registar os momentos
* O mais importante: saco para trazerem o vosso lixo
Depois de percorrer o Trilho Levada de Víbora, aceite as duas seguintes propostas de visita obrigatória em Cabeceiras de Basto.
- Mosteiro de S. Miguel de Refojos
É na convidativa e serena Praça da República, em Cabeceiras de Basto, que se localiza o magnificente e ilustre antigo Mosteiro Beneditino de S. Miguel de Refojos. É monumento nacional e o mais célebre do concelho.
Aqui, a história entrelaça-se com a arquitetura. É fácil perceber porque é o cartão-de-visita de Cabeceiras de Basto.
- Encosta Brunch
Após a caminhada, não há nada melhor do que recarregar as energias no delicioso Encosta Brunch, onde é servido tudo a que tem direito. Este é o espaço ideal para quem procura uma refeição saborosa e um ambiente agradável. Saiba tudo aqui.
De seguida, deixo vários artigos com sugestões de caminhadas. Bons passeios!











No outono é realmente deslumbrante! Altamente aconselhável! 😊
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